A Totvs comprou a Supplier, uma empresa especializada em intermediação de operações de crédito entre clientes e fornecedores, por R$ 455,2 milhões.
Mauro Wulkan e Eduardo Wagner, dois ex-diretores do Itaú que fundaram o negócio há 15 anos, seguem como gestores e acionistas, com 11,2% do capital.
A empresa tinha até agora como acionistas os fundos Pátria e Grupo Ourinvest e tem 327 funcionários com perfis no Linkedin.
O negócio é o primeiro da Totvs depois de se cacifar com R$ 1 bilhão com uma oferta extra de ações na bolsa de valores, e a primeira aquisição da empresa no nicho das chamadas fintechs.
"O crédito B2B é uma relação recorrente. Portanto, mais estável e previsível. Desta forma, o custo desta modalidade é estruturalmente mais eficiente, permitindo a ampliação, a simplificação e o barateamento do acesso ao crédito pelas empresas", afirma Dennis Herszkowicz, presidente da Totvs.
Herszkowicz destaca que a Totvs já havia feito um movimento prévio em tecnologia financeira, com a criação no final de março da fintech Totvs, que tem parceria com a Rede, a credenciadora de cartões do Itaú, e oferece meios de pagamento e antecipação de recebíveis a seus clientes do varejo.
Eduardo Neubern, ex-Cielo e um executivo experiente no mercado financeiro, foi contratado como novo diretor-executivo responsável pelas iniciativas de fintech.
Ao longo dos próximos meses, a Totvs e a Supplier irão desenvolver uma plataforma tecnológica que irá permitir uma integração total com os sistemas de gestão das empresas, visando uma jornada sem atritos para clientes e fornecedores.
A plataforma também permitirá o uso de big data, buscando melhorar de maneira contínua os algoritmos de aprovação de crédito. A Supplier tem uma forte presença e nas cadeias de manufatura e distribuição, nas quais a Totvs tem uma base importante de clientes.
Usando os termos técnicos do mercado financeiro, a Supplier é uma private label B2B virtual, sendo responsável pela originação, definição e aplicação da política de aprovação do crédito que é cedido a outros players, que carregam a carteira e o risco de crédito.
Dessa forma, a exposição da empresa é limitada a eventuais investimentos em cotas subordinadas de FIDCs.
Para 2019, a Supplier projeta uma receita líquida de aproximadamente R$ 220 milhões e uma originação de crédito de aproximadamente R$ 6,5 bilhões. A Totvs fechou o ano passado com uma receita líquida total de R$ 2,32 bilhões.
A aquisição é a terceira maior compra já feita pela Totvs na sua história, atrás apenas da aquisição da Datasul por R$ 700 milhões em 2008, uma movimentação que colocou a empresa em outro patamar, e a aquisição da Bematech por R$ 550 milhões em 2015, um negócio que não deu certo.
A Bematech, aliás, foi vendida para a Elgin em maio por R$ 25 milhões.
Tanto a compra da Supplier como a venda da Bematech mostram que Herszkowicz, nomeado CEO da Totvs em novembro de 2018, tem carta branca do fundador, Laércio Cosentino, para liderar grandes movimentações na gigante brasileira de sistemas de gestão.
Fonte
Baguete